RELEMBRANDO

PEQUENOS DETALHES E UMA GRANDE MEMÓRIA

A ternura na voz da Dona Jóia e o brilho no olhar ilustram com orgulho os primeiros momentos vividos em nosso clube. Uma das filhas dos fundadores da Sociedade Recreio Gramadense, Joecy Lied Zatti, nos conta alguns detalhes que guarda com muito carinho em sua memória.

Dona Joecy Zatti, no Projeto Relembrando

"Meu pai, João Leopoldo Lied, trabalhou para que existisse a Recreio”. Lembra que ele desejou muito este local pensando em aqui realizar encontros, jogos, eventos para a juventude e debates políticos. Assim, com o apoio de alguns amigos, realizou seu sonho. “Meu pai teve sete filhas e morávamos do outro lado da cidade. Para nos trazer até o clube, ele alugava um caminhão que nos buscava em casa. Subíamos na caixa do caminhão e nos cobríamos com uma lona". 

 

Presidente João Leopoldo Lied 1915 - 1926, primeiro escrivão de Gramado tirando certidões para fins eleitorais.

Foto: Arquivo Público João leopodo Lied

 

 

O clube era então uma modesta construção em madeira, com iluminação a gás de metileno. Desde muito pequena, Joecy acompanhava a sua mãe, Dona Osvaldina. Gostava de vê-la ensinando normas de etiqueta às pessoas, como se comportarem, como comerem e vestirem-se. "Havia cuidado com o uso dos sapatos. Ao entrar no clube, as pessoas trocavam os calçados sujos de barro pelos sapatos de baile. Minha mãe tambem convidava as amigas para ajudarem na decoração do salão.  Havia muitas frestas entre as tábuas então, aproveitavam para ali colocarem folhas de xaxim, flores e fitas  que além de decorarem  amenizavam o frio”, recorda. 

 

Carnaval 1925. Acervo Pessoal

 

Durante os eventos, relembra que era comum ver o chão forrado de crianças dormindo até mesmo em frente ao acesso ao toillete. “As mães levavam os filhos e eles dormiam, por ali mesmo, enroladinhos em seus cobertores, enquanto os casais aproveitavam as festas. De vez em quando as mulheres se revezavam para dar uma espiada nas crianças!”

 

Joecy ao centro com a família Lied. Acervo Pessoal

 

Sobre sua adolescência, diz “quando eu tinha doze anos, frequentava matinês dançantes. Aos domingos à tarde, íamos para o clube carregando no colo nossas bonecas, bebês de celulóide. Lá chegando, deixávamos as bonecas sentadas em cadeiras enquanto aproveitávamos para dançar com os meninos”

 

 

"Dancei muito naquele salão, no Baile da Chita, no Baile da Pelúcia, Baile da Primavera. Usávamos vestidos compridos, com as costas desnudas". Os bailes iniciavam geralmente às oito horas da noite. Dona Jóia conta que existiam umas moças muito ricas que trocavam o vestido de festa a meia noite, "só para fazer cartaz e mostrar mais um modelo. Reapareciam com outro vestido e outro sapato. Elas eram muito bonitas”.

Naquela época as mulheres ficavam sentadas, esperando o convite dos rapazes para dançar. “Era costume as moças usarem um leque decorado com plumas ou rendas e fazerem sinais para os rapazes atraves dele. Sentavam-se ao lado do namorado e escondiam-se atrás do leque para trocarem bejinhos", suspira. 

 

 

 

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