RELEMBRANDO

BAILE DO TRIGO

Conselheiro André Pasquale, fala sobre épocas que foram marcantes. “A história da nossa família na Recreio começou quando o meu avô Cláudio Pasqual, em 1928, participou da compra deste terreno e da conquista da primeira sede própria. Quando foi presidente, encaminhou um livro ouro para arrecadar contribuições e poder comprar. O pessoal da família comenta que meu avô e seus amigos enquanto jogavam bolão, carta ficavam desentortando pregos para usar na obra. Tudo era feito com muito trabalho braçal e diversão”, diz. O senhor Cláudio Pasqual foi também proprietário do Cine Splendid e do Café Cacique.

 

Primeiro Cinema de Gramado que localizava-se no Largo Pasqual atrás da atual Praça Major Nicoletti. 

Foto: Arquivo Público João Leopoldo Lied

 

Seu pai Maury Pasqual, comerciante, se relacionava com todos na cidade. “Meu pai em 1965 foi presidente, época do cinquentenário do clube. Eu tinha 7 anos de idade e assisti escondido a cerimônia, espiando a festa lá de cima no mezanino, que não era usado. Lembro também do baile de debut na gestão dele que tinha um leque grande e um balanço. Para a época era uma produção muito inovadora. O leque abria e fechava para apresentar as meninas e eu lembro que foi uma batalha eles conseguirem fazer esse efeito...", conta.

A Boate da Recreio ficava no terraço e chegou a ser uma das maiores boates do estado. “Participei da criação da Boate. O acesso era pela escadaria, onde atrás, ficava o DJ. Mesinhas baixinhas, banquinhos, tecidos em vermelho e azul, que são as cores da Recreio. Ela funcionou desde os meus quatorze anos. Era nos domingos à tarde e depois aos sábados a noite. Além do Sérgio Vetorazzi, lembro dos Batucas, dos Lenheiros. Frequentei muitos carnavais de salão e eram muito bons onde todo mundo se conhecia”, lembra.

Participou do processo de revitalização que começou em 1989 com o Paulo Volk. “O clube precisava se reestruturar e devagarinho ajustamos esse processo que depois foi concretizado pelo Coletto. Organizamos grandes shows em Gramado, trazendo o Chitãozinho e Chororó e outros artistas que movimentaram a cidade na época. Um período em que o país estava mudando”, registra.

 

Aniversário de 90 anos da Recreio. Foto: S.R.G

 

Conta que certa vez, houve a necessidade de ajustar o tempo do baile de carnaval. “Havia seis ou sete blocos. A banda era contratada para tocar das 23h às 05 da manhã. Mas o que acontecia era que os blocos se apresentavam por 15 minutos e o próximo demorava mais meia hora para entrar, depois mais 15 minutos, e o próximo demorava de novo... Então, 4h a manhã o carnaval ainda não havia começado... Sugeri a todos os blocos que fizessem uma apresentação um pouco menor, cronometramos as apresentações. Estipulamos horário para chegada de todos aqui e fizemos uma sequencia e funcionou muito bem! Conseguimos fazer o carnaval começar às 1h30min. Simples ajuste que fez a diferença...”, conta.

 

André Pasquale, Relembrando na Recreio. 2019. Foto: S.R.G

 

Antigamente não havia opções de entretenimento na cidade, então o clube agregava as pessoas e promovia o relacionamento entre as famílias nos bailes. André conta sobre a origem de uma festa que fez sucesso por 15 anos. “Lembro-me do baile em que fizemos decoração de trigo, e escolhemos realizar em setembro, pois não havia eventos nesse período. Planejamos então fazer o Baile do Trigo. Só que nessa época, choveu muito! Então dias antes da festa o trigo estava todo molhado... Arrumei uma Kombi, dois ou três amigos e fomos ao campo de trigo. Colhemos e levamos para a serraria do Dinnebier, pois eles tinham estufa. Eu não tinha avisado nada e cheguei lá, falei com o Nelson que ficou um pouco resistente porque tinha que secar a madeira. Mas como faltavam dois dias pro baile ele deixou a gente secar. Ninguém se negava a fazer nada se fosse pro clube. Reparos elétricos, marcenaria, todos colaboravam, durante o dia ou à noite. Era serviço de coração mesmo”, diz.

André realizou uma linda festa para comemorar os 15 anos da filha Marcela Pasquale aqui. “Meu filho também já é sócio e garanto que minha família vai continuar colaborando com a Recreio, sempre. Procuramos apoiar para que o clube não se perca. Desde sempre pude participar e ver de perto que muitas pessoas tem mérito aqui dentro. Acredito que o clube se manterá por mais cem anos”!

 

 

 

  

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